segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pão por Deus e Halloween


Nos meus tempos de criança era costume pedir-se o “Pão por Deus” em dia de Todos os Santos. Agora vejo cada vez menos crianças a fazerem isso. Tenho pena que se perca essa tradição!

Lembro-me de ir com uma bolsa de pano bater à porta das pessoas da família para me darem o Pão por Deus. Quando ia com a Joana batíamos à porta de quase toda a gente… Ela tinha muitos familiares e amigos. Davam-nos bolos secos, frutos secos, rebuçados, fruta (maças e pêras) e algum dinheiro. Quando eu ia sozinha só batia à porta das pessoas que eu sabia que estavam mesmo à minha espera e que me iam dizer “porque é que não vieste cá?” se eu não aparecesse. Não gostava da sensação de andar a pedir, não tinha necessidade disso.

Por outro lado, quando eu andei na escola, nas aulas de inglês falava-se do “Halloween” como sendo uma tradição inglesa. As crianças vão pelas ruas batendo de porta em porta, umas pessoas dão-lhes guloseimas e outras pregam-lhes partidas. Eu, na aula, abanava a cabeça em sinal de compreensão e pensava “aqueles ingleses são mesmo malucos”.

Agora está tudo ao contrário, é mais Halloween do que Pão por Deus. As crianças vêm bater-me à porta na noite de 31 em vez de ser no dia 1 de Novembro. Isto de se perderem as nossas tradições e se adoptarem as dos outros é muita falta de personalidade, de bairrismo, de defendermos o que é nosso!

…ou estarei enganada?

1 comentário:

Mizá disse...

Detesto o Halloween!
Fico furiosa quando se substituem tradições antigas por americanices... E ainda mais quando estas são desculpa para actos de malcriação, para não dizer mesmo vandalismo.
Hoje em noite de Halloween fecho as janelas todas bem fechadas para que não se perceba que está alguém em casa. Aqui há uns anos atrás depois de abrir a porta e de dar bolinhos e nozes às crianças elas agradeceram mandando um vaso varanda abaixo. Eu até podia perceber se não lhes tivéssemos dado nada, mas não foi o caso.
Este ano em dia de todos os Santos estávamos para entrar em casa e apareceram uns miúdos. Já não pediam o pão por Deus. Pediam dinheiro. Quando dissemos: Dinheiro não! Nem se dignaram a subir as escadas para receberem alguns bolos e frutos secos.
O espírito perdeu-se. Agora exige-se, não se aceita de espírito aberto e agradecido.
Tenho pena de ver como as crianças de hoje, ainda pequeninas já perderam a inocência, achando que tudo lhes é devido sem aceitarem as dádivas que não correspondem as suas expectativas.
Eu ficava tão feliz com um doce...