quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Perdida, mas não muito

A primeira vez que fomos acampar para o parque de Monte Gordo eu tinha 7 anos. Como estávamos num parque que ainda não conhecíamos, a minha mãe recomendou-me que se eu me perdesse devia pedir a alguém para me levar à recepção e pedir para chamarem por ela ao microfone. Eu fiquei a pensar naquilo… a ideia de me perder era tentadora, eu queria experimentar (lá está mais uma vez a recomendação que vos fiz no post das ervilhas, para não lembrarem as crianças).

Um certo dia, a seguir ao almoço os meus pais foram dormir a sesta e eu fiquei por ali. Lembrei-me de ir dar uma volta pelo parque para ver se me perdia. Fui até ao fundo, andei ao pé da rede, dei voltas e mais voltas, mas onde quer que estivesse conseguia ver sempre um depósito de água que havia no meio do parque, na rua principal, e caminhar até ele. Chegando lá já sabia ir ter à tenda.

Cheguei ao pé da minha mãe muito frustrada e disse-lhe que se não me tinha perdido naquele dia, já não me ia perder, para ela ficar descansada. E fiquei sem saber como era perder-me.

Esse parque de campismo teve muitas outras histórias…

Nesse ano foram nossos vizinhos de tenda um casal com uma menina de 3 anos, que se chamava Mara. Eu tinha 7, lembram-se?

Ela estava sempre a bater-me e eu dava-lhe de volta mas era repreendida “porque não se bate nela que é pequenina”. Acho que foi aí que ganhei a minha aversão a criancinhas… então quando ela estava por perto, eu tinha que andar sempre a fugir, era a única maneira de me defender. Um dia, a mesa já estava posta para jantarmos todos juntos, ela foi buscar uma colher e deu-me com ela mesmo no alto da cabeça. Nunca mais me esqueceu tal coisa… Ai que raiva não lhe poder bater!!!

Por essa altura eu usava o cabelo muito curto e andava sempre de calções e t-shirt. O meu pai pediu-me para ir ao quiosque do parque comprar cigarros. Quando lá cheguei o senhor que estava a atender voltou-se para mim “o que é que o menino quer?” Desatei a correr até à tenda, fiz uma birra de todo o tamanho porque não gostava do cabelo curto e não cheguei a comprar os cigarros.

Foi também nessa altura que aprendi a ter mais cuidado com as horas a que como gelados. Acabámos de almoçar, a minha mãe foi logo tomar um banho nos chuveiros não sei porquê e eu fiquei na tenda com o meu pai. Quando ela chegou, fomos ao café e acabámos por comer um gelado cada uma, o meu pai não comeu. Ao fim da tarde senti-me muito mal e comecei a vomitar. Os meus pais levaram-me ao médico e ele chegou à conclusão que a má disposição tinha sido do gelado. Lembro-me de ele me dizer “a tua sorte foi teres vomitado…”. A partir daí comecei a entender que vomitar não é mau, é bom, o que é mau é o que provocou o vómito.

1 comentário:

Mizá disse...

Eu também tenho algumas lembranças do ano em que fui convosco para Monte Gordo. Foi a minha primeira experiência com soja e com maionese ;)
A tua mãe dizia-me que soja era igual a carne. Bem ela podia dizer o que quisesse. Carne é carne e soja é soja. Ainda hoje não morro de amores por soja. Quanto à maionese a história é outra: um gosto adquirido!
E também me lembro das tuas birras.Aí era eu que ficava com vontade de te chegar a roupa ao pêlo! Mas não fiquei com aversão a criancinhas...